domingo, 12 de junho de 2016

Portfolio: Inclusão Social...



Resumo

Considerando a inclusão social como sendo o desafio, o objetivo em si, o presente trabalho ainda que de forma modesta tentou delimitar a abordagem do tema a partir de um momento especifico a saber a (re)democratização do País e nas alterações em Leis que foram importantes para o inicio do processo de mudança com foco na Lei 9.394 em seu artigo que trata da inclusão das crianças com transtorno global e das minorias desfavorecidas e segregadas sejam por questões socioeconômicas sejam por preconceitos. O presente trabalho conduz à conclusão que o PPP (projeto político pedagógico) é o instrumento a ser utilizado para atingir objetivos ele é o produto que outorga a autonomia às escolas para construir, ele é a porta de abertura para que as escolas juntamente com as comunidades construam o futuro e consigam promover a inclusão e a transformação social.



Palavras-Chave: (re)Democratização, Inclusão, Autonomia


A (re)democratização do país, alterou as relações entre professores, alunos e as demais instituições. Leis foram criadas e ou alteradas com o objetivo de orientar o ensino para atender interesses internos e externos ao país e também como forma de dar mais autonomia (através do PPP) às escolas para que estas promovam a transformação social almejada juntamente com a comunidade, objetivando a inclusão social das comunidades excluídas, sejam por divergências de credo, de raça, na orientação sexual ou por alguma deficiência física e ou intelectual.

Por redemocratização entende-se o período pós 1982, cujo marco é o Seminário “A didática em questão” realizada em um momento de ebulição social, marcada por questionamentos por parte dos professores que começavam a se enxergar enquanto classe e mais que isso desperta a vontade de promover uma transformação social.

Quanto às Leis, o texto refere-se a LDBEN 9.394/1996, Lei 10.639/2003 e ao PPP (projeto político pedagógico), legitimado no artigo 26 da LDBEN 9.394/1996.

O professor no período da redemocratização percebe que é apenas uma peça na engrenagem do modelo capitalista vigente. Não apenas o aluno é tratado como receptor de diretrizes com objetivos de executar as tarefas para o mercado de trabalho, ele o professor é tratado da mesma forma, pois a ele cabe executar as tarefas predeterminadas pelos “planejadores”, ele é ao mesmo tempo controlador (dos alunos) e controlado (pelo sistema). Tem que executar a musica, que foi composta por outra categoria de trabalhadores. Esse é um período fértil nas ideias e também rico em debates, porém avaliando as escolas e a relação aluno professor nos dias de hoje a percepção é que os entraves burocráticos ainda estão aí tão vivos quanto há 34 anos, haja vista que a teoria ainda não conseguiu inverter a lógica e se comportar como um produto da prática. A prática apesar de avanços consideráveis ainda está aquém do necessário e desejado.

Leis arrojadas e transformadoras foram implantadas, o trabalho tem como foco a Lei 9.394/1996 em seu artigo 12 que transfere para a escola e comunidades a construção do seu PPP, mas o excesso de atividades escolares muitas vezes não possibilita que os membros da escola e da comunidade consigam se reunir para debater e construir pontes para que o aprendizado possa promover a transformação social, ou seja, o projeto acaba sendo delimitado dentro dos muros da escola e em alguns casos mais extremos dentro de salas de coordenadores pedagógicos com o envolvimento mínimo dos professores. O desafio está dado a Lei foi criada e está aí para legitimar a ação dos envolvidos, porém Acácia em entrevista para a Revista Pensar, chama a atenção para os compromissos que envolvem essa conquista, se por um lado a escola é o locus privilegiado para a construção do PPP ela também poderá e será responsabilizada caso o sistema educacional fracasse, pois o governo ofereceu a autonomia que a escola pedia e portanto não poderá ser responsabilizado pelo eventual fracasso. O desafio das escolas é enorme e de acordo com entrevista com diretora de uma escola rural de Uberlândia, as escolas estão dispostas a correr riscos, porém os mesmos devem ser calculados.

De acordo com a diretora - entrevista em anexo – respondendo a questionamentos sobre datas comemorativas, ela responde que as datas são usadas de forma adequada para desenvolver a interdisciplinaridade e que a cada ano o processo vai ficando mais fácil, dinâmico e transformador, ou seja cada vez mais as escolas vão construindo o seu PPP de forma mais consistente com o objetivo de promover a transformação social e inserir as crianças e os adolescentes que são marginalizados seja por conta de orientação sexual seja por alguma deficiência física ou intelectual ou por diferenças religiosas no seio da sociedade. Para ela um grande desafio é desenvolver métodos e técnicas assertivos para integrar socialmente e culturalmente os alunos e ela destaca que um dos maiores desafios é inserir aqueles que possuem algum tipo de transtorno global físico e ou intelectual, pois falta recursos didáticos, falta profissionais preparados e muitas vezes falta também vontade e condições familiares para manter essas crianças na escola, as vezes é oferecido atendimento diferenciado no contra turno escolar e nem sempre o aluno consegue comparecer, fica-se com sensação de impotência.

Referente à ciclagem, ou seja, a criança com a idade certa na classe certa para ela é um avanço, é necessário, porém o caminho para atingir esse objetivo é falho, pois para não perder o “timing” os alunos são colocados nas séries “corretas” sem um analise previa da capacidade e ou condição de naquele momento ele estar inserido lá e esse tipo de arbitrariedade pode ser fator primordial para que essa criança nunca seja inserida na sociedade de forma adequada e equilibrada, ou seja, ela continuará a margem da sociedade. As alterações deveriam ser realizadas levando em conta um tempo necessária para as devidas adequações e esse cuidado muitas vezes é negligenciado. A diretora entrevistada concorda que essa regra foi imposta pelo governo sem planejamento prévio, sem oferecer às escolas os aparatos necessários para a efetivação da mudança tipo: materiais didáticos diferenciados, profissionais qualificados, dependências físicas adequadas, ou seja, a alteração levou em conta apenas a necessidade de atingir os indicadores necessários junto à órgãos como Unesco, Banco Mundial, IDEB, ONU dentre outros órgãos reguladores. No que se refere a avaliações provas tipo o ENEM, PISA, Prova Brasil entre outras são mecanismos de inserção em universidades, exigências dos órgãos controladores internos e externos e também forma de controle das escolas.

O desafio para conquistar a mudança está posto. Aquele professor, diretor, pai que tiver interesse em desenvolver e promover o conhecimento e como consequência presenciar a tão almejada transformação social, tem o respaldo legal através da Lei que instituiu o PPP. O debate até então foi acirrado e fértil, porém passou da hora de botar em pratica, testar, pois o modelo que irá funcionar não está dado, mas estão comprovados quais modelos não funcionaram. A metodologia denominada sistematização coletiva do conhecimento parece ser o caminho correto a se escolher, mas carece ser redimensionada e redirecionada, para atingir objetivos transformadores. Quem não quiser ser agente de mudança que mude de profissão, pois o professor do próximo milênio terá que desaprender, reaprender, será um agente em constante movimento.


Referencias bibliográficas

MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Didática. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2008.
LIMA, Michele Fernandes; ZANLORENZI, Claudia Maria P.; PINHEIRO, Luciana Ribeiro. A função do currículo no contexto escolar. Curitiba: Ibpex, 2011. (Série Formação do Professor).
http://revistas.ufg.emnuvens.com.br/fef/article/view/25/2654 acesso em: 22-03-2016

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